segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Esmeraldo de situ orbis

Esmeraldo de situ orbis é o título de um manuscrito escrito para 1506 pelo militar, navegante e cosmógrafo português Duarte Pacheco Pereira. Dedicada ao rei Manuel I de Portugal (1495-1521), trata-se de uma obra de "cosmografía e marinería", segundo palavras do próprio autor. Apesar de seu título em latín, foi escrita em língua portuguesa]]. Não se conserva o manuscrito original mas sim duas cópias: uma da primeira metade do século XVIII achada na cidade de Évora e outra algo posterior da Biblioteca Nacional de Lisboa. A partir delas se preparou a primeira edição impressa do texto, em 1892 No prólogo Duarte Pacheco anuncia que a obra consta de cinco "livros" ou partes mas os manuscritos conservados só contêm os três primeiros e um fragmento do quarto. Perderam-se ademais todos os mapas e ilustrações que acompanhavam ao manuscrito original.


Conteúdo

Prólogo
Livro primeiro
  • Capítulos 1 ao 12: Cosmografía e navegação. Inclui, no capítulo 7, uma tabela com as latitudé de numerosos lugares.
  • Capítulos 13 ao 21: Descrição geográfica da costa norteafricanas.
  • Capítulos 22 ao 33: Descrição da costa descoberta na época do infante Enrique o Navegante.
Livro segundo
  • Capítulos 1 ao 11: Descrição das terras descobertas por ordem do rei Alfonso V.
Livro terceiro
  • Capítulos 1 ao 9: Descrição das terras descobertas durante o reinado de Juan II.
Livro quarto
  • Capítulos 1 ao 6: Descrição das terras descobertas durante o reinado de Manuel I.
O manuscrito interrompe-se bruscamente no meio do capítulo 6 do livro quarto. No entanto, o prólogo anuncia que a obra consta de cinco livros dos quais o quarto e quinto se dedicam a cobrir as descobertas do reinado de Manuel I.

Possível viagem portuguesa a América em 1498

No capítulo 2 do primeiro livro, Duarte Pacheco expõe sua particular teoria cosmográfica de que nosso planeta está coberto essencialmente por terra continental, formando o oceano (principalmente o Atlántico e o Índico) um lago fechado rodeado de terra por todas partes. Em seu argumentación afirma que a "terra firme" que hoje se conhece como América se encontra a uns 36 graus de longitude (cartografía)|longitude]] ao oeste da Europa]] e África e se estende ao menos entre as latitudé 70º norte e 28,5º sul sem que se tenha visto o final por nenhum de ambos extremos. Isso lhe leva a supor que América se estende até ambos pólos e que por ali está unida ao Velho Mundo, formando um único continente universal.
Neste mesmo bilhete o autor afirma também, quase de passagem, que o rei Manuel I lhe ordenou realizar em 1498 uma viagem de descoberta a essas terras ao ocidente do oceano Atlántico, se encontrando a 28º de latitud sul "muito e fino brasil", madeira muito cotada naquela época.
Temos sabido & visto como não terceiro anno de vosso Reynado do hano de nosso Senhor de mil quatrocentos noventa & oito, onde nos vossa alteza mandou descobrir tem parte oucidental passando alem tem grandeza do mar ociano onde tenho hachada & navegada huma tam grande terra firme, com muitas e grandes Ilhas ajacentes a ela, que se estende a satenta graaos de Ladeza dá linha equinocial contra ho pólo artico & posto que seja asaz fora tenho grandemente pavorada, & do mesmo circolo equinocial torna outra vez & vay alem em vinte & oito graaos & meo de ladeza contra ho frango antratico & tanto se dilata sua grandeza & corre com muita longuura que de huma parte nem dá outra nem foy visto nem sabido ho fim & cabo della pello qual segundo tem hordem que leva tenho certo que vay em cercoyto por toda a Redondeza, asim que temos sabido que dás prayas & costa do mar destes Reynos de Portugal & do promontório de finis terra & de qualquer outro lugar dá europa & dafrica & dasia hatravesando alem todo ho oceano direitamente tem oucidente ou tem loest segundo hordem de marinharia por trinta & seis graaos de longura que seram seiscentas & quarenta & oyto leguoas de caminho contando tem desouto leguoas por graao, & tem luguares algum tanto mais lonje tenho hachada esta terra nom navegada pellos navios de vossa alteza & por vosso mandado e licença vos dois vossos vassallos & naturaes; & findo por esta costa sobredita do mesmo circulo equinosial em diante per vinte & oyto graaos de ladeza contra ou frango antartico tenho hachado nella munto e fino brazil com outras muitas couzas de que vos navios nestes Reynos vem grandemente carregados.
Livro I, capítulo 2.[3]
Estas linhas de texto têm dado lugar a numerosas interpretações diferentes sobre se Duarte Pacheco ou algum outro português realizou realmente uma viagem de exploração em 1498 e sobre que terras visitou. Luciano Pereira dá Silva e outros autores afirmam que Pacheco descobriu a costa do actual Brasil nesta viagem; outros como Duarte Leite acham que foi Flórida o que explorou e algum como Carlos Coimbra nega que fosse Pacheco o chefe da expedição.[4]

Referências

  1. a b KIMBLE}). }} «The "Esmeraldo de Situ Orbis": An Early Portuguese Textbook on Cosmography and Navigation» (em idioma}).
    }} Osiris. Vol. 33. pp. 88-102. Consultado o 11/10/2009.
  2. AZEVEDO BASTO nome = Rafael Eduardo de}) }}. Esmeraldo de situ orbis (Notícia preliminar) (em idioma}) }}. Lisboa: Imprensa Nacional, pp. II.
  3. Transcripción copiada da pág.7 da primeira edição impressa da obra (Lisboa, 1892)
  4. DIFFIE; WINIUS, George Davison}) }}. Foundations of the Portuguese empire, 1415-1580, 2 edição (em idioma}) }}, University of Minnesota Press, pp. 450-452. ISBN 978-0816607822.


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